Olá cupcakes! Hoje é dia de Challenge comigo e a Alê do blog Estante da Alê - os challenges mudaram e estamos um pouco mais ousadas: aumentamos os textos, aumentamos as palavras e estamos fazendo personagens inspiradas em cada mês. Agora estamos em março e existe, ao menos, um personagem pisciano(a) nos nossos textos com características como bondoso , sentimental , espiritual, artista e às vezes tem dificuldade para resolver os próprios problemas. Lembrando que o tema é livre😉
Eu estava esperando a alta chegar.
Esperar no corredor do hospital por horas a fio me fazia sentir que eu era um trouxa, mas ao mesmo tempo me dava esperança de que o médico apareceria a qualquer momento para dar boas notícias. Eu entrava em mais uma oração e apagava do mundo enquanto isso não acontecia.
Soltei a mão de meu irmão mais uma vez e voltei para o corredor. O cheiro de hospital era forte e aquilo impregnava nas minhas narinas e na minha cabeça com lembranças ruins... Os desinfetantes faziam me recordar de épocas não muito boas e corroíam minha mente como roedores em busca de uma saída na mobília. Eu só precisava sair dali.
E aparentemente não era somente eu.
Uma moça com um calhamaço no colo acabara de receber uma notícia aparentemente muito ruim do médico, que lhe deu alguns tapinhas nas costas antes dela se debulhar em lágrimas. O livro aberto recebia suas lágrimas deixando borrar suas páginas como se fosse o único conforto que poderia lhe oferecer naquele momento - e era, de fato. Ela soluçava e estava sozinha. Meu irmão do outro lado do vidro estava tranquilo o suficiente e são e salvo, por enquanto... Esse era meu problema que eu poderia deixar como não resolvido por enquanto. De alguma forma, eu senti que precisava confortá-la. Só quando cheguei perto que percebi que era alguém que eu conhecia.
- Patricia?
Quando ela ergueu os olhos cheios de lágrimas, ela tapou os lábios e chorou ainda mais.
- Gabriel... Gabriel... - Ela estava tentando segurar o choro, mas em vão. - Ela está indo embora sem mim. Eu... Eu não sei lidar com isso, Gabriel.
De algum modo, eu sabia de quem ela estava falando. Olhei com tristeza para a janelinha que acusava as batidas finais do coração da pobre senhora. Ela segurava nas mãos enrugadas o livro favorito, algo como "Ventos em Fúria" com um romance de época açucarado mas cheio de reviravoltas, pelo que me contou um dia - exatamente como a neta que tem a herança intelectual muito forte. Algumas mulheres tinham essa força diferente para cada uma que era herdada em cada geração, cada mulher tem seus segredos e algumas encontram seu refúgio em livros, imaginando e reimaginando a realidade, que às vezes é difícil demais de ser observada com olhos crus - cada história traz uma sensibilidade única. Cada história construiu Patricia e agora a sua avó estava deixando seus livros e suas verdades para a neta.
Abracei Patricia e sentei ao seu lado. Ela ainda usava o apoio na coluna, por isso deveria estar meio desconfortável. Aliviei a pressão pressionando um ponto abaixo do pescoço. Ela sentiu o alívio e deitou a cabeça no meu ombro. Apertei o braço em volta de seus ombros, confortando-a do modo que nós dois sabíamos que mais falava alto: o silêncio. Ela chorava por tudo que estava acontecendo, e eu sentia o peito dolorido da mesma forma por tudo que estava acontecendo na minha vida. O problema é que, às vezes a vida te deixa num beco sem saída e você só tem que engolir quadrado e aceitar o que ela te dá em troca.
O choro de Patricia ecoava na minha mente como um déjavu. Ainda abraçado a ela, levantei-a com cuidado para sairmos por um instante daquele hospital. Acabara de ter uma ideia que poderia aliviar o seu choro e o meu coração.
Aquela mulher tinha segredos que eu jamais poderia contar a ninguém, ela tinha olhos doces e um coração que lutava todos os dias com os próprios demônios e ainda ia ter de lidar com uma perda recente... Ela era tão forte, tão inteligente e tão bonita, que vê-la chorando não só partia, como quebrava em pedacinhos bem pequenos meu coração.
Mas talvez eu não poderia simplesmente aceitar o que a vida me deu.. Dessa vez eu ía ter que mudar de rumo e reescrever o que aconteceu entre nós.
O choro de Patricia ecoava na minha mente como um déjavu. Ainda abraçado a ela, levantei-a com cuidado para sairmos por um instante daquele hospital. Acabara de ter uma ideia que poderia aliviar o seu choro e o meu coração.
Aquela mulher tinha segredos que eu jamais poderia contar a ninguém, ela tinha olhos doces e um coração que lutava todos os dias com os próprios demônios e ainda ia ter de lidar com uma perda recente... Ela era tão forte, tão inteligente e tão bonita, que vê-la chorando não só partia, como quebrava em pedacinhos bem pequenos meu coração.
Mas talvez eu não poderia simplesmente aceitar o que a vida me deu.. Dessa vez eu ía ter que mudar de rumo e reescrever o que aconteceu entre nós.
Trilha sonora:
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10 Comentários
Eu não consigo superar esse texto. Não adianta.
ResponderExcluirToda vez que leio, meus olhos marejam e eu me arrepio.
Ai Pamela. MEU CORAÇÃO.
NÃO CONSIGO RESISTIR TAMBÉM A ESSES CHALLENGES, ALE <3
ExcluirOBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA
Bela história.
ResponderExcluirBom final de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Obrigada Emerson!
ExcluirDevo fazer coro com a Ale aqui em cima e dizer: AI MEU CORAÇÃO!
ResponderExcluirEu amei, quando sai o livro? HAHAHAH
Bjs Pam
http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com
AAAAAAH
ExcluirObrigada
JA QUERO, CAROL
Amo a música e banda que colocou como trilha sonora. Parabéns pelo desafio cumprido do texto.
ResponderExcluirBjs
https://eternamente-princesa.blogspot.com/
Obrigada Lu!
ExcluirEita, o cara chama na atitude no final do conto. Interessante que esse pisciano nesse momento pensa mais e fala menos, bastante sábio. A história possui um clima bem envolvente, Pam, parabéns por mais esse. Beijoca!
ResponderExcluirhttps://www.rapeizedinamica.biz
HEHEHE verdade, Né Lincoln? Mas foi levado pela emoção
ExcluirObrigada!!! :D