Posso ouvir o barulho incessante dos aparelhos do hospital anunciando as batidas do meu coração que agora estava normal e compassado. Era difícil para mim, mas agora, com meus olhos abertos e a consciente retomada, a ficha realmente "caiu": eu era uma sobrevivente e eu estava ali, por algum motivo, divino ou não, e deveria continuar a minha vida. A fresta da janela indicava que já era noite e eu estava sozinha, a não ser por uma mulher no final do corredor, dormindo na sua cama também.
Claro que eu não iria ficar sozinha e tinha muitas perguntas que exigiam respostas. Apertei o botão da enfermaria, mas estava me sentindo inquieta. Enquanto a enfermeira não chegava, afastei o cobertor, me levantei e fiquei andando de um lado para o outro, com a camisola hospitalar desconfortável. Ouvi a porta e me virei para a enfermeira, mas quem entrou, foi um homem que, a princípio, achei maravilhoso para, em seguida, se tornar familiar demais... Mas... De onde?
- Boa noite, srta. Rossi. Como a senhorita se sente?
- Estranha, mas estou bem. - Sentei na ponta de minha cama e deixei os pés soltos no ar. - Com a sensação de que não deveria estar aqui. - Sorri de lado esperando soar sincera.
Seus olhos perscrutaram meu rosto em busca de algum tipo de sinal que eu desconhecia.
- É claro que era pra você estar aqui. Exatamente onde deveria estar. - Ele arqueou as sobrancelhas. - Ah, claro. Desculpe-me o mau jeito. Sou o Dr. Caio, o seu cirurgião e devo dizer que a senhorita deveria estar descansando.
Olhei para os olhos cor de esmeralda, cabelos revoltos cor de areia, barba por fazer no mesmo tom e uma pele dourada de sol. A camisa muito certinha e o estetoscópio ornavam perfeitamente com o jaleco branquíssimo que ele usava. Dizer que ele era bonito era muito pouco e poderia até mesmo ser um pouco.
- Senhorita? Está tudo bem?
Assenti em meio ao devaneio.
- Na verdade, tenho muitas perguntas para o senhor.
Seus olhos assumiram um tom divertido e os lábios se retorceram muito sutilmente em um meio sorriso, que logo foi substituído por uma boca séria.
- Pode me chamar de Caio. Ou de você, fique à vontade.
- Certo. - Me levantei, tomando o cuidado para não mostrar nada além com minha camisola reveladora. Retirei a tampa da pequena travessa ao lado da minha cama. - Isso é sopa de tomate, Caio?
Ele olhou e assentiu, sorrindo.
- Sim. Uma das mais pedidas pelos pacientes.
- Mas eu tenho alergia à tomate.
- Oi?
- Me dá dor de estômago. - Acrescentei sorrindo. - Acho que esse não foi acertado, desculpe.
- Tudo bem, vou anotar na sua ficha, senhorita. Qual a próxima? - Ele perguntou, sem erguer os olhos da minha ficha.
- Como ficou a outra mulher? Está bem?
Ele me olhou nos olhos.
- Sim, Cassandra. Ela sobreviveu e está saindo agora do hospital.
- Por que não posso sair também?
- Preciso que fique mais uma noite em observação. - Ele se aproximou e tocou um ponto acima da minha sobrancelha. Fechei os olhos e senti a dor no ponto tocado, além de um formigamento pelos seus dedos leves. - Desculpe. Mas aqui está um pequeno sinal da cirurgia. Você teve um pequeno sinal aqui, recorrente da mesma e ainda foi necessário repor sangue de um doador... No entanto, os seus sinais vitais parecem estar correspondendo muito bem.
Assenti, percebendo tardiamente, que ele havia me chamado de Cassandra.
- Desculpe falar o que me dá na telha quando quero, mas... Tenho a impressão de que já te conheço de algum lugar... Mas algumas coisas podem parecer obscuras. E a dor de cabeça está querendo me atingir. Nós... Nos conhecemos?
Ele me olhou de soslaio com aquele sorriso de lado que estava começando a me deixar nervosa. Às vezes um sorriso pode ser a resposta, e às vezes ele só vai te encher de dúvidas mais de uma vez.
- Você ainda não se lembra de mim, Cassie. Mas vai se lembrar muito em breve. - Ele pegou minha mão e acariciou minha bochecha levemente, recolhendo o toque muito rápido. A minha colega de quarto estava se virando na cama e, ao olhar, ele se afastou e saiu pela porta. - Vou pedir para recolherem e trocarem a sopa. Volto amanhã de manhã... E se você comer tudo, de sobremesa vai vir a mousse de limão que você tanto gosta.
Por que ele não podia simplesmente responder à pergunta? E... Como ele sabia que era minha sobremesa favorita?
Algumas coisas a gente não consegue explicar... Mas sempre chega a hora certas delas serem explicadas.E esse momento chegaria muito em breve.
Disso eu tinha certeza.
Muita certeza.
Claro que eu não iria ficar sozinha e tinha muitas perguntas que exigiam respostas. Apertei o botão da enfermaria, mas estava me sentindo inquieta. Enquanto a enfermeira não chegava, afastei o cobertor, me levantei e fiquei andando de um lado para o outro, com a camisola hospitalar desconfortável. Ouvi a porta e me virei para a enfermeira, mas quem entrou, foi um homem que, a princípio, achei maravilhoso para, em seguida, se tornar familiar demais... Mas... De onde?
- Boa noite, srta. Rossi. Como a senhorita se sente?
- Estranha, mas estou bem. - Sentei na ponta de minha cama e deixei os pés soltos no ar. - Com a sensação de que não deveria estar aqui. - Sorri de lado esperando soar sincera.
Seus olhos perscrutaram meu rosto em busca de algum tipo de sinal que eu desconhecia.
- É claro que era pra você estar aqui. Exatamente onde deveria estar. - Ele arqueou as sobrancelhas. - Ah, claro. Desculpe-me o mau jeito. Sou o Dr. Caio, o seu cirurgião e devo dizer que a senhorita deveria estar descansando.
Olhei para os olhos cor de esmeralda, cabelos revoltos cor de areia, barba por fazer no mesmo tom e uma pele dourada de sol. A camisa muito certinha e o estetoscópio ornavam perfeitamente com o jaleco branquíssimo que ele usava. Dizer que ele era bonito era muito pouco e poderia até mesmo ser um pouco.
- Senhorita? Está tudo bem?
Assenti em meio ao devaneio.
- Na verdade, tenho muitas perguntas para o senhor.
Seus olhos assumiram um tom divertido e os lábios se retorceram muito sutilmente em um meio sorriso, que logo foi substituído por uma boca séria.
- Pode me chamar de Caio. Ou de você, fique à vontade.
- Certo. - Me levantei, tomando o cuidado para não mostrar nada além com minha camisola reveladora. Retirei a tampa da pequena travessa ao lado da minha cama. - Isso é sopa de tomate, Caio?
Ele olhou e assentiu, sorrindo.
- Sim. Uma das mais pedidas pelos pacientes.
- Mas eu tenho alergia à tomate.
- Oi?
- Me dá dor de estômago. - Acrescentei sorrindo. - Acho que esse não foi acertado, desculpe.
- Tudo bem, vou anotar na sua ficha, senhorita. Qual a próxima? - Ele perguntou, sem erguer os olhos da minha ficha.
- Como ficou a outra mulher? Está bem?
Ele me olhou nos olhos.
- Sim, Cassandra. Ela sobreviveu e está saindo agora do hospital.
- Por que não posso sair também?
- Preciso que fique mais uma noite em observação. - Ele se aproximou e tocou um ponto acima da minha sobrancelha. Fechei os olhos e senti a dor no ponto tocado, além de um formigamento pelos seus dedos leves. - Desculpe. Mas aqui está um pequeno sinal da cirurgia. Você teve um pequeno sinal aqui, recorrente da mesma e ainda foi necessário repor sangue de um doador... No entanto, os seus sinais vitais parecem estar correspondendo muito bem.
Assenti, percebendo tardiamente, que ele havia me chamado de Cassandra.
- Desculpe falar o que me dá na telha quando quero, mas... Tenho a impressão de que já te conheço de algum lugar... Mas algumas coisas podem parecer obscuras. E a dor de cabeça está querendo me atingir. Nós... Nos conhecemos?
Ele me olhou de soslaio com aquele sorriso de lado que estava começando a me deixar nervosa. Às vezes um sorriso pode ser a resposta, e às vezes ele só vai te encher de dúvidas mais de uma vez.
- Você ainda não se lembra de mim, Cassie. Mas vai se lembrar muito em breve. - Ele pegou minha mão e acariciou minha bochecha levemente, recolhendo o toque muito rápido. A minha colega de quarto estava se virando na cama e, ao olhar, ele se afastou e saiu pela porta. - Vou pedir para recolherem e trocarem a sopa. Volto amanhã de manhã... E se você comer tudo, de sobremesa vai vir a mousse de limão que você tanto gosta.
Por que ele não podia simplesmente responder à pergunta? E... Como ele sabia que era minha sobremesa favorita?
Algumas coisas a gente não consegue explicar... Mas sempre chega a hora certas delas serem explicadas.E esse momento chegaria muito em breve.
Disso eu tinha certeza.
Muita certeza.
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24 Comentários
Esse mousse de limão é o início de uma bela história de reencontros?
ResponderExcluirQUERO CONTINUAÇÃO! PODE FAZER CAMPANHA??????????????????????
beijos Pamzinha
http://estante-da-ale.blogspot.com
OBAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
ExcluirPODEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
Pode sim! Estou dentro!
ExcluirEstupendo post ! Gracias por pasarte por mi blog! Que tengas una feliz semana! ♡♡♡
ResponderExcluirGracias <3
ExcluirOi amiga, eu amei essa história, ou princípio de história, queremos continuação!!
ResponderExcluirEu tb adoro mouse de limão..
Beijos Mila
Daily of Books Mila
OPAAAA, ja se identificou,aeee!
Excluirpam adoro acompanhar esses posts e ver seu talento pra criação de textos!
ResponderExcluirwww.tofucolorido.com.br
www.facebook.com/blogtofucolorido
Obrigada, Li <3
ExcluirOi Pam!
ResponderExcluirComo sempre um texto incrivel! Mas agora estou super curiosa! Não deixe a escorpiana curiosa, poxa!
Beijos
https://tear-de-informacoes.blogspot.com/
Oie Lais <3
ExcluirObrigadaaaa
opaaaaaa
rpeciso desenvolver HEHHEHEHEHE
Oi, Pam! Não acredito que você escreve um texto lindo desses que acaba desse jeito!!!! EU PRECISO DE RESPOSTAS TANTO QUANTO A CASSIE AAAAAAAAAAAA
ResponderExcluirEstarei aguardando hein hihi ♥
Estante Bibliográfica
OLOCOO
ExcluirVAMOS DÁ-LAS, VAMOS DÁ-LAS!
Que crueldade terminar desse jeito Pamzinha! kkkkkk
ResponderExcluir"Às vezes um sorriso pode ser a resposta, e às vezes ele só vai te encher de dúvidas" MUITO VERDADE!
Bjs
http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com
uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuh
Excluirmisteriosa rsrsrs
Oi, Pâm!
ResponderExcluirEsse projeto é bem legal.
Adorei a sua história, mas ficou com gostinho de quero mais. Diz que tem uma continuação?!
Beijos
Construindo Estante || Promoção de aniversário do blog
Ainda não, mas em breve ;)
ExcluirMeu deus, quero continuaçãaaao! Ela vem ou é um texto independente a cada post?
ResponderExcluirAmei, faz séculos que não paro para escrever. VEM LIVRO DA PAM, VEM!!
E sim, voltei! Sdds Vitamina de Pimenta. Me arrependi horrores de ter deletado ele ç.ç kkkkkk mas volteeeeeeei <3
Abraço,
Parágrafo Cult
Ela vem em breve...Vou preparar em um dos Challenges, fique de olho, Lari <3
ExcluirOBAAAAAA
SÓ EMMMMMMMM
OBAAAAAAAAAAAA
E PODE FICAR, MIGA!
Ah gente, esse desafio é demais! Vocês são MUITO criativas!!!
ResponderExcluirObrigada, MIla!
ExcluirOi
ResponderExcluirvocê e a Alê que escrevem esses textos só para deixar a gente com um gostinho de quero mais, goste desse seu texto também, acho legal esse desafio de vocês.
http://momentocrivelli.blogspot.com
É essa a intenção, Dê! rsrsrs
ExcluirNão dá pra saber se o leonino é ele ou ela, ou os dois (Acho q ambos kk ). Lindo esse encontro dos dois. Essa frase ali sobre "às vezes um sorriso..." ficou MEGA boa e esse poderia ser o início de um ótimo livro? Claro que sim u.u
ResponderExcluirBeijocas!
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