Words Challenge 2019 - Novembro/Escorpião

Olá cupcakes! Hoje é dia de Challenge comigo e a Alê do blog Estante da Alê  - os challenges mudaram e estamos um pouco mais ousadas: aumentamos os textos, aumentamos as palavras e estamos fazendo personagens inspiradas em cada mês. Agora estamos em novembro e existe, ao menos, um personagem escorpiano (a) nos nossos textos com características como intenso, charmoso, sensual, ciumento e bom de papo.  Lembrando que o tema é livre😉

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Challenge 2019 - Novembro

Palavras: interesse, amiga, pano, ombro, paixão, algodão, gelatina, ímpeto

Não tem nada que possa me segurar hoje.
Eu preciso contar a ela o que descobri ontem. O que descobri há algum tempo mas tinha medo de admitir e só ontem consegui admitir que não era apenas paixão.
Era mais. É mais.
Pego a chave do carro, guardo a carteira no bolso, escovo os dentes e finalizo com perfume.
Precisa ser hoje. Não pode ter volta.

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A vejo finalizando o expediente, conversando com seu colega de trabalho. Sinto um pouco de ciúmes e tento ignorá-lo olhando para o outro lado. Ela entrega o avental e o pano que tinha nas mãos para ele e fecha o caixa. Posso ver seus ombros cansados, o rabo de cavalo meio solto e o rosto se iluminar quando ela me vê, cumprindo a promessa que havia feito, de vir buscá-la para sairmos depois do seu trabalho.
Eu não contei para ela minhas reais intenções.
E minha melhor amiga vem em minha direção com passos rápidos e coloca seus braços ao redor dos meus, depositando um beijo demorado na minha bochecha. Estremeço com a ideia de pensar em jogar levemente a cabeça para o lado e...
- Leo! Senti sua falta... Onde vamos hoje? Hoje foi muito cansativo o trabalho... Muitos clientes, sabe? Minhas costas estão horríveis.
- Surpresa, Poli. Você vai relaxando no carro... - deixo minhas mãos pousarem inocentemente em sua cintura e caminhamos para o veículo. - Tenho algo pra te contar.

O caminho é tranquilo, apesar dela muito me perguntar o que seria, mas logo chegamos ao mirante do prédio que trabalho. As luzes da cidade já podiam ser vistas mesmo com sol caindo ao fundo no poente. Quando percebo o que preciso fazer, minhas pernas parecem serem feitas de gelatina e a vejo olhando encantada para a cidade.
- Poli, eu tenho algo pra te dizer.

Ela me olha desconfiada e ergue as sobrancelhas.
- O que aconteceu?
Me aproximo e coloco uma mecha do seu cabelo para trás.
- Lembra do que você me disse há seis meses?
Entre nós a conversa sempre foi direta e reta. Nua e crua. Ela havia me dito que estava apaixonada por mim. Se declarou e abriu seu coração. Mas eu não estava pronto naquele momento.
Eu precisava de um tempo para digerir e perceber que ela é o que eu sempre quis ter.
Seu olhar dispersou para o horizonte e enfim me encarou mais uma vez.
- Claro. Como se fosse ontem. Mas não gostaria de falar sobre isso.
Eu sabia que ela iria fugir.
- Eu sei que você não tem interesse de continuar essa conversa, mas eu gostaria de fazer uma coisa.
- O quê?
E com um ímpeto pulando do peito, acariciei sua bochecha e nossos lábios se juntaram numa dança devagar que evoluiu logo em seguida. Puxei ela para mais perto porque tive a sensação de que poderia cair a qualquer momento. Ela me deixava tonto - mais do que o normal, se é possível. Ela esteve sempre aqui e eu  não havia me dado conta. Ou havia e não me permiti sentir antes.
- O que é isso, Leo?
- Eu não consigo parar de pensar em você. - Desviei os olhos para o pôr-do-sol que se desmanchava no horizonte.  - Você não sai da minha mente e nem daqui, pedacinho de algodão. - Apontei para o meu peito.  - Odeio ser cafona, só que...
Ela riu com o apelido infantil que eu usava com minha mãe e sempre usei com ela.
- A gente pode trabalhar isso, Leo. 

Ela beijou minha bochecha e pude acreditar nas suas palavras. O por-do-sol se desfez junto com todo o medo e as incertezas que eu tinha. E quando ela sorriu, pela primeira vez eu tive a certeza que tinha feito a coisa certa me deixando seguir meu coração.

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