Words Challenge 2020 - 3000 - Futuro

 Hey cupcakes! Como vocês já sabem, eu e a Alê do blog Estante da Alê anualmente preparamos com muito carinho um desafio de palavras durante o ano todo, onde podemos nos desafiar e trazer um texto diferenciado no conteúdo dos nossos blogs. Chegamos ao final de um ciclo e mais um ano se fecha. Sou muito grata às oportunidades desse ano e por ter podido construir muitas histórias nesse ano. Obrigada, amiga, por dizer sim para mais essa jornada ♥ E ANO QUE VEM TEM MAIS!

O ano escolhido para fechar foi 3000, um futuro um tanto incerto, mas bem... Não custa imaginar, né? Obrigada a você que nos acompanhou durante esse ano! Continue lendo para conferir e não deixe de conferir também no Estante da Alê! 😍

Desafio Dezembro/2020

Palavras: cereja, humanidade, crença, novidade, espelho e salto.

Pego o caderno e rabisco algumas vezes. Formo frases, quase inicio um poema e apago tudo outra vez. Posso ouvir o barulho suave dos trilhos do trem que corre rápido do lado de fora e a lareira automática estalando o fogo na sala de estar - essa ainda foi a última novidade do mundo moderno que eu me obriguei a comprar porque o barulho me agrada e o aquecimento faz bem aos meus pés gelados.

Amanhã é um novo dia e meu novo emprego começa na humanidade moderna chamada população de Nova Odessa. Ah, pensou que eu havia me mudado para fora, não é mesmo? Só me mudei de cidade, mas o estado continua o mesmo. No mesmo lugar caótico com a antiga crença dos meus avós de que tudo iria mudar.

Coloco um casaco e desço para a entrada do condomínio de apartamentos, pronta para a minha primeira caminhada noturna pré o que eu chamaria de futuro. O meu rabo de cavalo já parece meio frouxo e olho algumas poucas pessoas andando, sempre presas ao que antigamente chamavam de celular, mas já não há espaço para apenas um nesses novos dias. Os cenários que se estendem à minha frente parecem típicos de uma das distopias de muitos dos livros lidos que tenho na biblioteca da minha cabeça e guardo de forma digital no meu bolso: prédios altos, tudo tem cor de cinza ou chumbo ou então tudo parece um grande espelho iluminado por todos os lados.

Sinto a brisa beijar minha pele e tudo que eu me recordo é daquele arrepio gostoso que eu sempre gostei de sentir, que eu gostava de causar. Não quero correr, porque minha perna ainda manca dói um pouco. Olho para um avião no céu e sei que devo ser grata e seguir em frente, agradecer ao futuro que vem se aproximando, mas engolir em seco a vida não é tão fácil quando você está acostumada a ter outra ao seu lado, e de repente ela é arrancada de você.

Ouço os passos apressados dos transeuntes e um salto alto apressado bate perto de mim, fazendo aquele toc toc irritante que eu costumava tanto fazer e agora me traz simplesmente uma memória que eu quero esquecer. Outro gatilho. Eu sabia que ainda não era uma boa ideia, mas... Dois meses, não é mesmo? Como eu esperava que pudesse ficar mais fácil?

Olhando ao redor, vejo que cheguei a um cinema. A ruas brilhantes de natal continuam as mesmas de alguns anos atrás, mas tem mais brilho, grandes telas iluminadas e a comemoração é um pouco passada, mas quem liga para toda a breguice? O cinema não está menos brilhante que todo o resto e ostenta grandes guirlandas com a aparência mais rústica que eu poderia imaginar e bolas vermelhas e douradas. Sorrio para a boa recordação e entro, solicitando meu bilhete. Atrás, uma mensagem da sorte.

Mas só percebo que é disso porque quando olho para o atendente, eu vejo a marca de nascença no pescoço maior que uma cereja tão conhecida por mim. As peças não se encaixam, mas resolvo deixar o futuro me levar.

Você já parou para pensar em como o mundo dá voltas? Numa dessas voltas, a vida vai te surpreender e o futuro vai voltar a acontecer.   

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