Words Challenge 2022 - Cozinheiro

Hey cupcakes! Como vocês já sabem, eu e a Alê do blog Estante da Alê anualmente preparamos com muito carinho um desafio de palavras durante o ano todo, onde podemos nos desafiar e trazer um texto diferenciado no conteúdo dos nossos blogs. No ano de 2021, fizemos alguns clichês que amamos - cada mês um tema. E, nesse ano, os clichês continuam, porque tem muito clichê! Os temas são diferentes e esperamos que vocês possam curtir e continuar nos acompanhando no Insta Rascunhando Memórias. Que tal conferir o nosso tema da vez na minha versão de Cozinheiro?

Continue lendo para conferir!

Põe pra tocar: Öyle Kolay Aşık Olmam - Can Ozan/Damla Eker

Elenco:

Personagem Masculino: Serkay Tütüncü
Personagem Feminina: Cemre Gümeli

Palavras: 

cassete, remédio, babuíno, nominal, pelúcia e colher

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Onde está o meu foco? Desde que Gael informou que seria a noite latina , há três noites, eu estou um pouco ansioso. Ele não deveria ter me mostrado a lista das pessoas que se inscreveram para uma noite de produção de pratos entre chef e clientes em nosso bar restaurante. Foi apenas ler uma linha da lista nominal para sentir meu estômago palpitar, ainda mais hoje na noite de lançamento.

Vivian Stoller.

Eu não conhecia outra mulher com sobrenome mais diferente na cidade. E a única que eu conhecia com esse nome e sobrenome... Bem. Eu tive uma linda história com ela, ainda menino, até ser obrigado a mudar de cidade por causa do trabalho do meu pai, na época. Hoje eu sei que não sou de me apaixonar facilmente, e ela também não era naquele verão onde a vida que eu tenho agora começou a acontecer.

Todos os meus e os nossos sonhos ficaram como que adormecidos...Até eu rever esse nome agora. Seria possível que ela ainda estivesse aqui depois de todos esses anos? Sozinha, imagino eu, impossível.

Ela é o meu primeiro amor. E pareço um bobo falando algo desse jeito, mas não há melhor maneira de descrevê-la. Enquanto eu jogava no time dos Babuínos Azuis, ela ficava me olhando na arquibancada, escrevendo textos que ela leria mais tarde, com a cabeça deitada no meu colo, enquanto eu deslizaria os dedos pelo seu cabelo que tinha cheiro de morango, porque eu adorava. Ela era sorridente, tranquila e me trazia uma paz que eu não sinto há muito tempo. Também tinha os olhos negros mais bonitos que eu já tinha visto em toda minha vida.

No aniversário de dezesseis anos dela, o último que estivemos juntos, eu gravei uma fita cassete com as canções que mais gostávamos de cantar no violão e é uma dessas músicas que está tocando de pano de fundo, me trazendo de volta à realidade, junto com o cheiro do tempero, indicativo de que a cebola e o alho estão perfeitamente dourados. Desligo o fogo e separo a caixa de ingredientes para levar à nossa cozinha improvisada para a noite que já está escurecendo.

O ambiente anexo ao nosso restaurante foi transformado em uma cozinha e me surpreendo ao ver duas fileiras de moças e rapazes já com seus aventais ajustados ao corpo, aguardando pelas minhas instruções. Me posiciono e me apresento, para que depois eu possa acompanhá-los nos cortes.

Explico a primeira vez e logo em seguida começo a tirar algumas dúvidas para que eles comecem os preparos, mas não encaro ninguém. No entanto, sinto minha nuca queimando.

Noto olhos escuros, um cabelo preto e aquele semblante fechado, concentrado em cortar as alfaces em tiras. Me aproximo com cuidado, para não assustá-la.

— Precisa de ajuda, senhorita?

Ela me encara e sei que me reconheceu de alguma forma, porque seu olhar se acende da mesma forma que se acendeu quando eu peguei a pelúcia na máquina do parque de diversões.

— Acho que estão muito grossas essas fatias. Será que...

— Vou te ajudar... — Pouso as minhas mãos por cima das suas, explicando de uma forma que ela poderia fatiar sem cortar seus dedos e a melhor forma para se tornar mais prático. Ela me olha atentamente, desviando o olhar entre meus olhos e meus lábios. Finjo que não sei das reações que meu corpo está tendo ao mínimo toque das suas mãos. Macias. Pequenas. Com o calo no anelar de tanto escrever. — E assim você vai conseguir cortar sem se machucar e vão ficar finas.

Encaro por um momento, me deleitando com a imagem que tenho dela outra vez. Tão bonita quanto eu me lembraria, e ainda mais.

— Acho que te conheço de algum lugar. — Ela me olha e depois volta o seu olhar para a alface. Como eu poderia me esquecer que ela era tão direta? — Você parece com o...

— Vivian Stole? - A brincadeira que eu fazia com seu nome, dizendo que ela havia roubado meu coração.

Ela assente com um sorriso de lado, mostrando uma covinha.

— Não me diga que você é o Tomás. — Ela olha para o meu dólmã e para a plaquinha de metal indicando meu sobrenome Ghisellini, dizendo meu nome de forma doce, soprada entre seus lábios. Aquela boca... — Isso é quase impossível.

Sorrio e assinto.

— Talvez o impossível possa acontecer... — Mordo o lábio me segurando o quanto posso, mas resolvo tentar: — Faz muito tempo... Será que poderíamos conversar um pouco depois, talvez?

Ela sorri da mesma forma que costumava fazer antes e ruboriza, assentindo.

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— O mundo é muito pequeno, Tomás. — Ela diz no meio de uma risada, depois de um curso rápido de tacos e alguns goles de café preto pra mim e uma sobremesa especial para ela: brownie de chocolate meio amargo com sorvete de creme. Ainda o favorito.

Ela me contou que, na verdade, sempre esteve na cidade, só se mudou por causa da faculdade, mas voltava aos finais de semana. Talvez procurando algo que ela não sabia que iria reencontrar? Não posso pensar assim, mas... Eu fiquei muito ansioso para saber mais. Para ter mais.

— E parece que de alguma forma ele me trouxe de volta pra você. — Encaro os olhos arregalados surpresos. Talvez muito direto? — Nunca mais encontrei outra garota como você, o remédio para o meu estresse. — Adiciono, sorrindo de lado.

Ela solta outra risada.

— Ei, essa frase é minha! — Ela me cutucou no peito, naquele gesto íntimo que compartilhávamos tantas vezes muitos anos atrás. — Só que no final de tudo, eu fazia brigadeiro pra você.

— E sempre enfiava chocolate na minha cara.

Ela pega a colher, enche de sorvete e coloca na minha bochecha.

— Pode ser sorvete agora? — Ela me encara, rindo e mostrando a língua. — Além do mais, agora você é chef.— Ela diz, fazendo uma careta engraçada. - Meu brigadeiro nem seria tão gostoso se você provasse hoje em dia.

— Isso é um convite? - Muito atirado? Não me importo. Eu já a perdi uma vez, não poderia perder novamente. - Ok. Ok. Não acredito nisso, você sempre foi ótima na cozinha, mas já que disse... Quando vou poder experimentar outra vez?

Ela sorriu, ruborizando. E talvez também estivesse com a mesma ideia quando disse:

— O que acha de sábado? Eu faço o brigadeiro e você faz...

Se ela estava fazendo um convite desses, então ela talvez não estivesse comprometida...

Que sorte a nossa.

— Sábado é minha folga. — Eu pisco. Não era, mas eu daria meu jeito. Trocaria o dia e faria qualquer negócio só para poder cozinhar para aquela mulher. — Se eu ainda me lembro, você amava quando eu fazia queijo quente pra você. Tostadinho. Com bastante queijo e fresquinho.

Ela sorri, culpada.

— O que posso fazer? Salivei só de lembrar.

— Por mim, tudo bem. O que você quiser, favorita. — Cubro sua mão com a minha e sinto que posso ter esperança de um nós outra vez. Talvez.

Esse texto foi muito gostoso de escrever e estava totalmente inspirada por uma cena da dizi turca que eu tanto amei. Então, não podia deixar de lado, né?